10ª - LER E ESCREVER NA ESCOLA – O Real, O Possível, O Necessário
Ensinar ler e escrever vai além da alfabetização em si, é incorporar todos os alunos à comunidade de leitores e escritores. É preciso apropriar-se de uma tradição de leitura e escrita, a herança cultural do exercício de operações com textos, e entender a relação entre os textos, os autores, e o contexto entre estes.
Para formar alunos praticantes da cultura escrita é preciso rever formas de ensino e construí-lo usando como referências as práticas sociais de leitura e escrita. É preciso que a escola funcione como uma micro comunidade de leitores e escritores
O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que recorrem aos textos buscando resposta para os problemas que necessitam resolver, tra¬tando de encontrar informação para compreender melhor algum aspecto do mundo que é objeto de suas preocupações, buscando argumentos para defender uma posição com a qual estão comprometidos, ou para rebater outra que consideram perigosas ou injustas, desejando conhecer outros modos de vida, identificar-se com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras histórias, descobrirem outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos...
O necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que produzem seus próprios textos para mos¬trar suas idéias, para informar sobre fatos que os destinatários necessitam ou devem conhecer, para incitar seus leitores a empreender ações que conside¬ram valiosas, para convencê-los da validade dos pontos de vista ou das pro¬postas que tentam promover, para protestar ou reclamar, para compartilhar com os demais uma bela frase ou um bom escrito, para intrigar ou fazer rir...
O necessário é fazer da escola um âmbito onde leitura e escritas sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é legítimo exercer e responsabilidades que é necessário assumirem.
O necessário é, em suma, preservar o sentido do objeto de ensino para o sujeito da aprendizagem, o necessário é preservar na escola o sentido que a leitura e a escrita têm como práticas sociais, para conseguir que os alunos se apropriem delas possibilitando que se incorporem à comunidade de leitores e escritores, a fim de que consigam ser cidadãos da cultura escrita.
O real é que levar à prática o necessário é uma tarefa difícil para a escola. Conhecer as dificuldades e compreender em que medida deriva ou não de necessidades legítimas da instituição escolar constituem passos indispensá¬veis para construir alternativas que permitam superá-las. É por isso que, antes de formular soluções - antes de desdobrar o possível -, é preciso enunciar e analisar as dificuldades.
A tarefa é difícil por que:
1. a escolarização das práticas de leitura e de escrita apresenta pro¬blemas árduos;
2. os propósitos que se perseguem na escola ao ler e escrever são dife¬rentes dos que orientam a leitura e a escrita fora dela;
3. a inevitável distribuição dos conteúdos no tempo pode levar a par¬celar o objeto de ensino;
4. a necessidade institucional de controlar a aprendizagem leva a pôr em primeiro plano somente os aspectos mais acessíveis à avaliação;
5. a maneira como se distribuem os direitos e obrigações entre o pro¬fessor e o aluno determina quais são os conhecimentos e estraté¬gias que as crianças têm ou não têm oportunidade de exercer e, portanto, quais poderão ou não poderão aprender.
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Bibliografia: LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível, o necessário.
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